Sexualidade feminina = tabu? Vivemos um processo de melhorar o mundo sexual delas, seja em respeito, seja na busca pelo prazer, seja no encontro com seus próprios desejos. Mas falar de sexualidade feminina ainda não é tão fácil ou tão bem aceito quanto é falar de sexualidade masculina. Isso porque, historicamente, as mulheres foram reprimidas por muito tempo, e de todas as formas possíveis.
No texto de hoje vamos falar um pouco sobre a construção social e histórica desse tabu. E como podemos colaborar por um mundo no qual elas serão mais livres e felizes sexualmente.
Diversas mitologias religiosas, incluindo a católica, apontam o surgimento da mulher como uma consequência, um após a existência do homem. Eva foi criada da costela de Adão e deveria ser submissa. Sua antecessora, Lilith, fora expulsa do paraíso ao questionar Deus ao seu colocada como inferior ao marido. E daqui podemos tirar várias consequências ao mundo atual.
A mulher que só serve como reprodutora, mas é a ideal para se constituir família, e aquela para se sentir prazer, que é a mulher da vida – e as duas não habitam na mesma pessoa, sob o mesmo nome. A pessoa do sexo feminino como dependente financeira e dona de casa, submissa às vontades do marido e dedicada à criação dos filhos. Ela independente que é “independente demais” para precisar de um homem ao seu lado.
As duas situações antagônicas que desaguam em uma realidade de muitas nos dias de hoje: ser a mulher independente e ciente do próprio prazer que espanta os homens e não é a ideal para casar, ou a mulher mais recatada, que ganha seu dinheiro mas não é tão independente na fala, que tem um certo nível de consciência do prazer, mas não tanta quanto ele.
Seja no aspecto profissional, intelectual ou sexual, ainda vivemos em uma sociedade que espera, e de certa forma deseja, que a mulher saiba menos que o homem. Afinal, conhecimento é uma forma de libertação, e a falta dele, de controle.
Os homens conversam de sexo como as mulheres conversam de emoções – e essa régua precisa ficar mais equilibrada.
Quanto mais as mulheres conversarem sobre sexo com suas amigas, familiares e jovens, maior será o conhecimento sobre o assunto e consequentemente maior sua independência sexual. Já os homens, por outro lado, precisam aprender a conversar mais sobre emoções, se destituindo da masculinidade frágil, até para que possam aprender mais sobre suas companheiras e melhorar a vida sexual delas.
Com diálogo e a quebra de tabus, toda a sociedade sai ganhando.